O que é?

Úmero é o osso longo do braço, que se prolonga do ombro até o cotovelo. A porção superior do úmero, que faz parte da articulação do ombro, é o que chamamos de “proximal”.

A fratura do úmero proximal representa de 5 a 10% de todas as fraturas. Sua incidência aumenta com a idade e está relacionada a maior fragilidade óssea em idosos, se tornando a 3ª fratura mais comum após os 65 anos e acometendo o sexo feminino em uma proporção 3 vezes maior. Em 90% dos casos as fraturas são decorrentes de traumas banais, como quedas da própria altura. 

Adultos jovens (25 a 45 anos), em uma proporção bem menor que os idosos, também podem ser acometidos, mas nesses casos a fratura do úmero proximal costuma ter relação com acidentes de trânsito (queda de motocicleta, atropelamento, acidente automobilístico etc) ou traumas durante práticas esportivas.

Sintomas

O principal sintoma é a dor intensa na região do ombro e dificuldade para movimentar essa articulação. É muito difícil conseguir levantar o braço na presença desse tipo de fratura. Nas primeiras 72 horas também pode ocorrer o surgimento de hematoma na região do ombro, braço e parte do tórax devido ao sangramento ósseo. 

Diagnóstico

Em casos com suspeita clínica o médico irá solicitar radiografias em 2 ou 3 posições da região do ombro. Pode ser indicada também a realização de tomografia computadorizada para melhor definir o tipo de fratura. Além do diagnóstico, uma preocupação é avaliar o grau de afastamento dos fragmentos da fratura. 

A fratura é chamada "sem desvio” quando não há afastamento significativo dos fragmentos ósseos, ou seja, "o osso quebrou, mas está no lugar”. Na fratura “com desvio”, ocorre abertura do foco de fratura pelo afastamento ou angulação dos fragmentos ósseos entre si, alterando a anatomia original do osso. A diferenciação entre as fraturas  “sem desvio” e  “com desvio” tem importância na escolha do tratamento a ser definido pelo seu ortopedista.

Tratamento

​Tratamento conservador

Chamamos de “conservador" o tratamento que não envolve cirurgia. Em 80% dos casos, as fraturas do úmero proximal não apresentam desvio significativo e podem ser tratadas de maneira conservadora imobilizando o ombro com uma tipóia por aproximadamente 4 semanas. Não é necessário a utilização de gesso para imobilizar as fraturas do úmero proximal.

Tratamento cirúrgico

Muitos fatores são levados em conta ao indicar o tratamento cirúrgico: condições clínicas, preferência do profissional, presença de outras fraturas e o grau de desvio e instabilidade dos fragmentos. Embora não exista um consenso do que seria um desvio aceitável, muitos ortopedista consideram a possibilidade de tratamento cirúrgico para afastamentos acima de 1,0 cm (0,5cm para a tuberosidade maior) ou angulação acima de 45 graus entre os fragmentos. 

A modalidade de tratamento cirúrgico depende do tipo de fratura e varia entre a colocação de placa e parafusos, hastes que se prolongam no canal do osso, fios de aço fixando os ossos, sutura dos fragmentos e, nos casos mais graves, substituição do osso fraturado por uma prótese (artroplastia).

​Possíveis complicações

• Infecção: é a proliferação e crescimento de bactérias no foco de fratura levando a formação de pus. A incidência é muito variável na literatura médica, encontramos artigos científicos relatando de 0 a 10% de infecção nos pacientes operados.

• Osteonecrose: consiste na morte do tecido ósseo devido a perda de irrigação sanguínea ocasionada pela fratura. Ocorre em 3 a 35% dos casos e os sintomas podem ter início tardio.

• Pseudoartrose: a ausência de consolidação dos fragmentos ósseos. Ocorre em aproximadamente entre 1,1% a 13% dos casos.

• Rigidez articular: algum grau de rigidez do ombro é esperado após 3 a 4 semanas de uso da tipóia. A ausência de melhora progressiva da amplitude de movimento, mesmo com a reabilitação fisioterápica adequada pode estar relacionado a formação de aderências na capsula articular ou redução inadequadas dos fragmentos ósseos.